sábado, 5 de janeiro de 2008

PS

Vim na solidão de meu capacete , nestes últimos 900 km que percorremos de Salinas a Franca direto, pensando em reeditar os textos do blog, mas agora penso que o que foi escrito foi o que sentia nos momentos vividos. Desculpem os erros, as inexatidões, as paixões e os às vezes lacônicos comentários.
Abraços.

Considerações finais.

Depois de quase 7 mil km, muita comida estranha, muito suco esquisito, paisagens incríveis e a constatação de que o Rio São Francisco nasce em São Roque de Minas, vive considerávelmente bem até 3 Marias, quase morre daí até Paulo Afonso e renasce um pouco de Piranhas à foz; constatando também que só no Piauí encontramos pessoas favoráveis à transposição; verificando que as populações ribeirinhas estão acomodadas com a bolsa esmola do governo e vivem muitas vezes à mingua com peixe e preguiça; lembrando que em muitos trechos onde existem assentamentos agrícolas (verificamos in loco), com programas de irrigação com canais e bombas elevatórias são produzidas muitas frutas de ótima qualidade e até bons vinhos, quero crer que o correto seria revitalizar o Rio e seu entorno, com mais assentamentos e projetos como os já existentes. Acho que devido às barragens, que são seis ao todo, trouxeram muitos prejuízos ao Rio, causando grande assoreamento e quase inviabilizando sua navegação, que já foi pujante. O trecho que navegamos entre Xique Xique e Pilão Arcado está dificil, com dois encalhamentos que o condutor (Júnior de 17 anos) soube transpor com maestria, uma vez até descendo na areia pra manobrar no braço a Estrela Dalva. O Rio sustenta um número incrível de pessoas, com pesca, navegação, plantações, artezanato em barro e agora o turismo. Cidades históricas são encontradas de Pirapora a Penedo, e são lindas.
Finalmente, quero agradecer aos meus companheiros, que com muita paciência conviveram comigo estes 15 dias de aventura, enfrentando BRs muito perigosas (inclisive o Polígono da Maconha, não recomendado até pelo Guia 4Rodas) , terra, barro, pedras e cascalho, o impressionante agreste baiano e pernambucano, estradas ditas asfaltadas, mas que o alcatrão não existe mais ali, calor insuportável, dificuldades momentâneas com combustível caro e difícil. Ter amigos assim é muito mais do que um homem merece.
Breve publicarei um album de fotos legendado, onde os que tiverem paciência poderão ver os incríveis, alucinantes e maravilhosos dias que pudemos compartilhar.
Amo ainda mais o Rio São Francisco, minha DR, a estrada e meus amigos.
Cada vez mais me convenço que o Brasil merece ser conhecido antes dos Andes, do Atacama, de Uchuaia e outros roteiros da moda.
Obrigado.

Clóvis Larrabure, Mateus Larrabure e Marcelo Schwab.

Contornando a Chapada, Salinas e Franca




















O destino agora é Salinas, já em MG, numa penúltima jornada de 700 km. Arrumando pela penúltima vez a bagagem e depois contornando a Chapada, nos deparamos com o Rio Paraguassú, com as nativas lavando roupa, uma casinha incrível nas pedras, bem ao lado do esconderijo do Batman no Brasil e uma verdadeira "escalada" até Igatú, uma cidadezinha de pedra nas montanhas ao sul da chapada. São seis km de paralelepípedos irregulares muito difíceis de transpor. Aí vem Mucugê, parte mais ao sul da chapada, onde capturei um cartaz de um forozão incrível. hehehehe. E bem em frente, um estranho cemitério bizantino. A última parada pra fotografar ao longe o restinho da Diamantina, e torcer o cabo até Salinas, onde compramos umas pingas, trocamos pela segunda vez o óleo das irrepreensíveis DRs. A foto seguinte foi a última parada pra comer em Patos de Minas. A última foi hoje às 16 horas, quando meus companheiros se despediram e foram pra casa, em São Paulo.

A Chapada Diamantina.






A chegada à Chapada Diamantina foi ao cair do dia. Em dois dias é impossível conhecer a totalidade da obra da natureza naquele pedaço de Brasil, mas conseguimos muitas fotos. Lagoas paradisíacas, cavernas incríveis, com formações que segundo o guia só existem alí. Formações rochosas enormes que nos lembram nossa pequenes. Hora de ir embora daqui também, não sem antes nos prometermos voltar um dia com mais tempo.

Aracajú só de passagem.





Aracajú foi mesmo só de passagem, afinal tínhamos que passar o reveillon em algum lugar. Nos hospedamos em um hotelzinho perto do farol, fomos ver a queima de fogos na orla e, de manhã, comprar suvenirs num mercado popular e pegar novamente a estrada. Os amigos de Penedo e Aracajú que esperavam um telefonema, nossas desculpas, mas o tempo urge.... e a estrada nos chama.